Quinta-feira, 28 de Setembro de 2006
Os extremistas muçulmanos bem podem festejar com umas rajadas para o ar pois acabam de conseguir uma pequena, mas simbólica vitória na campanha nojenta de atemorizar o Ocidente.
Mas é triste que tenha de ser o sector da cultura a vergar-se. Sim, porque é nos movimentos culturais que está sempre a génese da provocação, da contestação, da crítica, do desnudar de valores instalados, muitas vezes cristalizados. Só a especulação intelectual desperta as nossas mentes, tantas vezes adormecidas.
É uma vergonha que a Deutsche Oper de Berlim tenha retirado da sua programação de Novembro a ópera de Mozart "Idomeneo", por recear que suscitasse protestos de radicais muçulmanos.
Um comunicado explica a decisão: a encenação de Hans Neuenfels poderia suscitar algum mal-estar e protestos de islamitas que se sentissem ofendidos.
Motivo?
Numa das cenas, Idomeneo, rei de Creta, exibe as cabeças decapitadas de Poseidon (deus grego dos mares), de Jesus, de Buda e de Maomé.
Então a Direcção da Deutsche Oper de Berlim não tem medo dos fiéis das restantes religiões? Claro que não porque o máximo que enfrentaria seria, por ventura, a manifestação da indignação por manifestações, artigos escritos, etc. Mas, concerteza, nunca pelas bombas!
Esta medida de auto-censura abre um precedente perigoso e poderá coartar a exibição das mais ousadas criações artísticas.
Felizmente, o governo alemão já criticou a decisão da Ópera Alemã de Berlim.
Que muitas outras vozes se levantem?
Os loucos da Jihad venceram uma pequena batalha, mas hão-de perder a inaceitável, vil e ultrajante guerra da intolerância.
Esta manhã, após a informação de trânsito desde o helicóptero, ouvi a pivot de notícias da TVI afirmar orgulhosamente excitada que tínhamos visto imagens em EXCLUSIVO de um acidente na marginal, em Oeiras.
Enfim, mata-se o significado palpitante do que é um exclusivo e não se tem o sentido do ridículo.
Quarta-feira, 27 de Setembro de 2006
O PÚBLICO de hoje (p. 6) tem uma carta aberta de um grupo
de economistas, juristas, engenheiros e empresários
dirigida à Entidade Reguladora da Comunicação alertando
para o risco de conflito de interesses no jornalismo
económico.
A dúvida é suscitada pela cobertura da convenção
"Compromisso Portugal".
Os subscritores estranham a grande "envergadura" da
cobertura comparativamente à fraca análise crítica da
mensagem trasnmitida pelo movimento.
E questionam se "houve ou não distorção nas prioridades
jornalísticas por critérios não jornalísticos".
"A dúvida que importa esclarecer está relacionada com o
facto de dirigentes empresariais tipicamente controlarem
dois recursos-chave para o próprio negócio do jornalismo
económico: 1)fontes de notícias, 2) fontes de publicidade"
(sic)
Terça-feira, 26 de Setembro de 2006
A internet tem cada vez mais força, as consolas roubam tempo e atenção, os iPod e MP3 em geral são como mais um órgão do nosso corpo... mas a TV continua a mandar na hora da escolha do entretenimento.
É a conclusão do estudo da Nielsen (referido no post anterior).
Os adolescentes entre os 12 e os 17 anos aumentaram o tempo de visionamento em três por cento. E são as raparigas que mais vêem televisão.
Os mais pequenos também estão mais colados ao écran. A faixa etária dos 2 aos 11 anos registou um aumento de quatro por cento no visionamento.
Um outro estudo elaborado pela Fundação John S. e James L. Knight (Público, 26.09.2006, p. 47) junto de cerca de 15 mil alunos de 34 escolas refere que 44 por cento elegeram a televisão como a mais exacta e fiável e 43 por cento consideraram-na a mais prática de usar.