Quarta-feira, 30 de Novembro de 2005
O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou o estado Português por violação do direito à liberdade de expressão.
A sentença dá razão ao director do jornal de Bragança "A Voz do Nordeste", César Urbino, que tinha sido condenado pela Justiça portuguesa por difamação do antigo director-adjunto do Mensageiro de Bragança.
O Tribunal europeu considerou que a condenação do o director d'A Voz do Nordeste, representa uma violação, por parte do Estado português, do artigo 10.º da Convenção para a Protecção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais.
Esse artigo considera que o direito à liberdade de expressão "compreende a liberdade de opinião e a liberdade de receber ou de transmitir informações ou ideias sem que possa haver ingerência de quaisquer autoridades públicas".
A notícia em pormenor está no DN.
http://dn.sapo.pt/2005/11/30/media/portugal_condenado_violar_liberdade_.htmle
http://dn.sapo.pt/2005/11/30/media/convencao_europeia.html
Sábado, 5 de Novembro de 2005
Conta o DN de hoje que um cameraman da RTP-Madeira foi expulso da Assembleia Regional da Madeira por estar vestido com "ténis, jeans e t-shirt". O Presidente da Assembleia já teria avisado os jornalistas que queria tudo bem vestido, pela dignidade do parlamento.
Até nem sou muito adepto dos chamados dress codes, mas a verdade é que há por aí quem vista pior que alguns mendigos sem posses para mais! Não é preciso vestir fato e gravata para ter bom aspecto!
Já agora, por que é que quando vamos ao estrangeiro respeitamos a dignidade dos locais, em função do que nos é exigido e não o fazemos por cá?
A verdade é que as regras também podem levar a situações ridículas, como aquela que vivi em Jacarta.
Só é permitido entrar no Parlamento indonésio usando gravata ou fato de cerimónia local.
Por isso, foi ver os repórteres de imagem a usar gravatas e camisas que faziam um conjunto tão discreto como alguém de vermelho num enterro!!
Mas isso também é o de menos, se pensarmos que o fato de cerimónia indonésio inclui aquelas camisas estampadas de cores garridas tipo havaianas!!!!
Por isso, aconselho o companheiro repórter de imagem da Madeira a usar, da próxima vez, um fato típico, daqueles coloridos e garridos que usam os ranchos folclóricos! Ah! E não esquecer o "brinquinho"!
Li a notícia no DN:
«Rebekah Wade foi detida por suspeitas de ter agredido o marido.
No jornal promovia uma campanha contra a violência doméstica».
(
http://dn.sapo.pt/2005/11/05/opiniao/directora_jornal_sun_vitima_imprensa.html).
Segundo o jornal, o caso não fez manchete no
The Sun, mas fê-lo nos outros
.É um caso típico no mundo do jornalismo: notícias favoráveis aos da casa merecem destaque; notícias desagradáveis, não!
São
news values!
Sexta-feira, 4 de Novembro de 2005
O jornalista é uma testemunha activa e selectiva.
Activa porque vai à procura da informação que não surge por geração espontânea.
Selectiva porque, de tudo o que recolhe, só divulga o que pensa ser interessante para o seu público.
Mas a evolução tecnológica e a banalização dos directos nas televisões criou um facto preverso, o fenómeno das 20h00.
É uma prática que vem encurralando os media audiovisuais utilizando as suas próprias ferramentas e tirando partido dos seus próprios critérios. Tornou os jornalistas em testemunhas passivas e deglutinadoras indiscriminadas de dados.
E este fenómeno decorre do facto de muitos protagonistas serem conscientes do apetite voraz que as televisões têm pelos directos.
Portanto, banalizaram as declarações às 20h00.
Esse é o horário dos principais noticiários das TVs nacionais generalistas de sinal aberto. Como tal, uma declaração a essa hora é aumentar exponencialmente as possibilidades de estar em directo para um vastíssimo auditório... e com uma vantagem, sem truncagens.
É poder fazer as revelações mais extraordinárias ou desfiar um rosário de dislates num discurso bacôco!
É poder estar no ar interminavelmente e nada dizer!
Em horário nobre!
E – extraordinário – já só fazem declarações!
Não dão conferências de imprensa!É que até essa tradição se alterou.
Há cada vez mais declarações e cada vez menos conferências de imprensa.
Estas têm implícita a possibilidade de os jornalistas fazerem perguntas depois da declaração do protagonista.
As declarações não.
Eles são verborreicos... e escusam-se a responder às dúvidas, a explicitar meias-palavras, silêncios, referências menos claras, declarações ambíguas, etc.
Falam e escusam-se a dizer mais.
Levantam-se, sorriem ironicamente ou engelham a face em ar circunspecto e hipócrita enquanto se afastam.
Às vezes, abrindo caminho pelo meio dos microfones sedentos de respostas, evitando os seus portadores, quais leprosos em estado de elevado risco de contágio!
Eles sabem!
Eles aprenderam!
Nós… parece que não!
Somos escravos da intranquilidade, servos de uma rotina cega!
Engolidos pelo animal que criámos!!